Um Horizonte Vazio

    Hoje eu sinto dor, minha alma dói, meu peito dói, minhas mãos doem
perdi aquilo que era mais importante pra mim, o que me fazia viver

perdi a vontade de pensar, de sonhar, de sair
pedi aquilo que me faz sentir, meu sorriso, minha esperança
perdi tudo isso e fiquei com a lembrança, uma dor sem igual
cravada no peito, uma cicatriz profunda, mas não havia outro jeito...
eu perdi a mim.

    Quando o amor vira raiva e a alegria frustração
vem o ódio e a magoa, até perco a calma, mas nunca em vão...
eu me dediquei, me perdi do que eu sou, pois achei valer a pena...

em muita pedra pisei, por tantas vezes sangrei, mas achei que valia a pena...

e por medo de sofrer ainda mais, eu continuava a sorrir

    Me apeguei ao que tinha de bom, trabalhei minha dor, se caí, levantei

muita coisa boa passou, fui feliz onde estou, mas agora acabou...

as feridas deixam marcas...

    Não queria isto, não podia ter sido assim, mas não suportei

a represa quebrou, meu mundo desabou, e sozinho eu fiquei...

não da pra remendar, não dessa vez, como outras eu fiz;

a vida podia ter feito diferente, ter colocado o coração na frente

mas não foi assim que ela quis... então a deixei...

    E aqui estou, fugindo da vida, cativo da dor, vazio da raiva, numa vida sem cor

escrevendo pra ninguém, sobre a dor de alguém, quem nem mais sei quem é

não estou escrevendo poema ou poesias, nem nexo há entre os versos
mas precisei escrever, externar este meu desabafo lúdico